De ‘sistemas customizados’, que automatizavam processos manuais, passamos aos ‘sistemas integrados’ e ‘bancos de dados relacionais’, processados em mainframes IBM, Vax (!) e HP. Caminhamos, então, para a arquitetura client-server, com o advento do PC barato, no início da década de 90, seguida, finalmente, dos famosos ERPs.

Os ERPs viabilizaram o mundo dos ‘Senhores da Gestão’, Michael Hammer (business reengineering) e Michael Porter (competitive strategy, value chain, differentiation, cost advantage), pois possibilitaram a transferência rápida da excelência da gestão, via a automação de processos e modelos de gestão.

A onda dos “business systems“, popularizada por consultores e adotada por mega corporações (aqui no Brasil, uma famosa empresa local, criou seu “GBS”), apoiou-se no SAP, Oracle, JDEs, disponíveis à época e produziu resultados fantásticos.

O preço que pagamos foi, durante alguns anos, uma perda da ênfase em diferenciação, visto a tecnologia ainda ser complexa, “buggy” e difícil de fazer funcionar com rapidez, o que fez a energia ser direcionada em “fazer funcionar o que existia”, em vez de “fazer diferente”.

O advento do mundo proposto pela Apple – “It just works!”, apoiado no conceito de nuvem tornado disponível e barato pela Amazon, revolucionou modelos de negócios e deu, finalmente, causa às transformações originalmente imaginadas na década de 80.

O link traz reminiscências das décadas de 80 a 10 e lembra uma entrevista famosa, que articulou a nova ordem do mundo tech.

Vivemos uma nova era. Como diz um ilustre venture capitalist, “software is eating the world“.

A mobilidade total, a nuvem, a qualidade do ambiente de desenvolvimento e distribuição de produtos e updates, a queda brutal de custos e a avalanche de infraestrutura disponível, colocou o planeta de cabeça pra baixo.

As salas de aula, nas escolas de ensino básico e ensino médio, com os tablets, apps e outros conceitos (flipped classroom, por exemplo), estão modificando com rapidez os modelos de aprendizagem. Os MOOCs, EADs criaram novos mercados para a educação corporativa, treinamento de equipes geograficamente dispersas e estão modificando o negócio de ensino superior com implacável violência.

O mundo está sendo invadido por mega startups (unicorns), que criam novas indústrias, criam protestos e greves mundiais (Über) e abrem novas oportunidades e alternativas. Jovens criam plataformas que tornam corriqueiras equipes espalhadas pelo planeta de concepção e execução de projetos de todos os tipos, transformam o varejo mundial (Amazon e suas copycats), consultas médicas remotas (para horror dos conselhos de medicina). A indústria financeira, altamente regulada, começa a sentir a ameaça das fintechs. A indústria de mídia tradicional – jornais e revistas – foi quase varrida do mapa, depois do negócio de música e, agora, o negócio de TV está sendo, literalmente, atacado pelas big techs. O ecosistema de propaganda, marketing, merchandising, etc, está sendo chacoalhado pelo Facebook, apps, Twitter e outros, levando junto a tradicional propaganda de massa e seus ecosistemas associados – TVs, rádios, produtoras, etc.

Vivemos um mundo rápido, turbulento, impaciente e implacável. Novos produtos, modelos de negócios e empresas surgem diariamente e todo empresário “brick and mortar” dorme diariamente com a pulga atrás da orelha e acorda duas horas antes, ansioso com uma possível ameaça a seus negócios bem sucedidos por um time de 15 meninos alhures.

É possível contar a história das últimas 3 décadas e tentar prever os próximos meses.

E os próximos anos – alguém se arrisca? E a sua indústria – já mudou, está mudando ou vai mudar? Quando – na próxima semana?